Jogos de luz e sombra
Há quem se feche num mundo e se convença (ou deixe convencer, vai dar no mesmo) que a sua realidade é igual à dos outros. Há quem acredite que o seu caminho na vida, empedrado, com bermas limpas e floridas, plano e sem pedras é igual ao caminho trilhado pelos outros. Há quem vá deturpando, de forma subtil, as formas do mundo à sua volta e acabe com uma visão idílica mas absolutamente surreal da realidade. Há épocas do ano em que é mais fácil ver isso, haja tempo e vontade de ver. Questiono-me muitas vezes se o que eu vejo (porque sei que o que vejo é muito diferente do que tanta gente à minha volta vê) é ou não real.Habituámo-nos a acreditar que "ver para crer" é o correcto mas até que ponto a nossa percepção nos conduz para a realidade? Até que ponto vemos a cores, com as dimensões certas, com a luz certa?
Vivemos num tempo em que as certezas são inquestionáveis, em que a ciência dá cada vez mais respostas, em que a religião está a deslizar para o mesmo patamar dos contos de fadas mas em que somos capazes de nos olhar ao espelho e ver algo que não está lá e pior, somos capazes de conscientemente escolher um daqueles espelhos que nos transforma e lentamente escolhemos acreditar que essa é a realidade.