dia 1 - o dia depois de ontem
Hoje fiquei em casa. Não me apetece sair. Mais, acho que não devo sair.
Pelos relatos que fui ouvindo aqui e ali, muita gente sentiu que hoje era o dia D, o dia da libertação. Pessoalmente também acho que é o dia D. O dia decisivo para percebermos se isto vai correr bem ou nem por isso. Eu quero muito que corra bem. Que os números continuem baixos, que tenha a sorte de não chorar ninguém. A maioria de nós não conhece ninguém que tenha morrido com esta merda. E isso faz com que, muitas vezes, os números sejam apenas números. Mas não são. São pessoas. E eu, como não quero perder as minhas pessoas, fico em casa.
Na verdade isto nem sequer é altruísmo. Eu gosto de ficar em casa. Gosto da casa, dos meus e da segurança que sinto aqui.
Também tenho noção que esta é uma janela de oportunidade. Por um lado, está agora apenas nas nossas mãos controlar este virús. Acabou-se a possibilidade de responsabilizar o governo. Agora somos nós, cada um com as suas acções, a decidir como queremos que isto corra. Por outro lado, esta é a altura mais segura para respirar um bocadinho. Inevitavelmente, a rua vai ser menos segura de futuro. Mais gente na rua, mais probabilidade de contágio. Simples. E que haja qualquer coisa simples, já que o resto é tudo tão complicado.
Por tudo, hoje não saí. Amanhã provavelmente também não.