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Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

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Cenas de uma feminista histérica #2 *

24.08.17, P.

Sou assumidamente feminista. Conheço imensa gente que é tão feminista como eu e que não se assume como tal porque ainda considera que ser feminista é ser algo que não é.

Para deixar tudo bem claro: Ser feminista é defender que haja igualdade de oportunidades, direitos e deveres para homens e mulheres.

Ser feminista não é achar que não há qualquer diferença entre homens e mulheres, não é querer uniformizar o que não é uniformizável, não é não gostar de homens, não é achar que as mulheres são superiores aos homens. 

E não é ser histérica.  

Olhar para a definição de histeria no dicionário (Priberam) percebemos o quão machista é a utilização desta palavra neste contexto:

his·te·ri·a 
(grego hustéra-asútero + -ia)
substantivo feminino

1. [Psicanálise]  Doença nervosageralmente com manifestação de sintomas como convulsõescontracturas ou paralisiasantigamente associada às mulheres. = NEUROSE

2. Tipo de comportamento com grandeintensa ou ruidosa manifestação de emoção.

3. Índole caprichosa.

Que há pessoas que são imbecis já todos sabemos. No news there. E tenho tendência a ignorar, não dar importância. Passo muito tempo da minha vida a dizer "liberdade de expressão, toda a gente tem direito a ser idiota" mas confesso que estou a ficar um bocado farta desta moda que é desvalorizar, diminuir e compartimentar as pessoas que defendem o feminismo.

O humor, que tem um papel fundamental nestas questões de lutas pelos direitos humanos, politicos e sociais, tem tido um papel agridoce neste questão. 

É fácil e dá milhoes caricaturar o feminismo. Caricaturou-se o feminismo, transformando-o num insulto, associando a palavra a imagens de "mulheres à beira de um ataque de nervos, estúpidas, cheias de ódio aos homens". 

Eu defendo a liberdade de expressão, acho que quase tudo é permitido no humor e aceito que também esta atitude é uma prerrogativa desta liberdade. Acho é que é preguiça por parte dos humoristas (sejam profissionais ou apenas das redes sociais). É a piada fácil, a que vai ao encontro do machismozinho ainda incrustado em cada um nós. É a piada fácil (mas nunca, nunca, nunca reflecte o que humorista acha - ele defende sempre o feminismo certo portanto ele pode fazer estas piadas, geralmente ele até "ajuda em casa") que faz com que a resposta certa - a que consegue maior taxa de aprovação - seja "ahahah, eu sou mulher mas não sou feminista". A resposta "és um bocado parvo" (ou coisa do género) promove uma escalada de reacções que culmina com o clássico mas sempre na ordem do dia "és mal fodida".

Estou muitos habituada a ver a utilização da palavra "feminista" como um palavrão, como um insulto mas confesso que tremi quando me apercebi alguém resolver tornar a coisa... ainda mais grotesta gourmet: feminazis. 

 

* No próximo post o título vai mudar para algo mais aceitável, ainda não sei bem é o quê.