A historia da aranha migrante
No rádio, com a ajuda do maravilho mundo dos podcast, soavam sugestões de livros. Conquistava estrada, feliz sem saber que tudo iria mudar nos dias seguintes. Sempre gostei de conduzir e já quase me tinha esquecido da liberdade que é conduzir à noite e sozinha. Adoro. Sempre gostei e é tão raro fazer viagens longas sozinha que já tinha saudades.
De repente percebi que não estava sozinha naquele carro. 8 patinhas subiam pelo vidro mesmo à minha frente e a senhora aranha aninhou-se no canto superior do vidro. Fomos a conversar durante muito tempo e apesar de lá ter entrado como passageiro ilegal, fiquei feliz quando a deixei, viva e de saúde, numa planicie alentejana (achei que era o mínimo, uma vez que não me caiu em cima e ficou todo o tempo na minha linha de visão poupando-me à vivacidade da minha imaginação). Acho que a vi a acenar-me, à laia de agradecimento, enquanto caminhava rumo ao desconhecido e à felicidade (espero que não tenha deixado nenhum filho para trás). Afinal a vida no Alentejo será sempre melhor que na cidade. Apesar de ir ser, durante algum tempo, gozada pelo sotaque Lisboeta (sim, aquele que vocês acham que não têm).
Continuei o meu caminho feliz por ter ajudado.