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Achava eu que, na vida real de adulta, já não havia essa coisa de grupos formados pelos mais populares cujo passatempo preferido era massacrar a vida dos desgraçados que tinham borbulhas no rosto, um pé coxo ou que simplesmente não "caiam no goto" do líder da matilha. Engano meu. Não sei se sempre foi assim (afinal não foi adulta antes da época da internet) mas nas redes sociais é exactamente a isso que se assiste todos os dias.
Sob a capa do politicamente correcto, do socialmente correcto, arreganha-se os dentes e, suportados pelo resto da matilha, ataca-se. As dentadas talvez sejam virtuais mas a verdade é que se destila veneno. Muito.
E o mais ridículo é que esta atitude é igual na maioria dos grupos, não importa o que defendam. E é um ciclo vicioso no que diz respeito, por exemplo, à liberdade de expressão: há quem a defenda atacando quem se atreve a ter uma opinião diferente ou a dizer uma parvoíce qualquer com o argumento (real e verdadeiro) que esse ataque também é liberdade de expressão.
A minha presença nas redes sociais é cada vez menor, cada vez mais inconsequente (eu não deixei de ter opinião, deixei foi de a divulgar nos blogs) porque tudo isto me incomoda. Sempre tive a tendência a ser do contra e a lutar pelo que acredito mas deixei de acreditar que valha a pena lutar, ter bom senso ou sequer meter-me ao barulho. Vou simplesmente deixando de ler certos blogs, seguir certas páginas ou pessoas nas redes sociais, questionando e procurando resposta fora das páginas dos jornais e fazendo o que sempre me ensinaram a fazer: pensar e tomar as minhas próprias decisões.
São as mesmas pessoas que pedem respeito pela minoria de que fazem parte que se juntam a outros para destruir uma pessoa. São as mesmas pessoas que se insurgem contra o bullying que o praticam activamente à primeira oportunidade.
São as pessoas que defendem a liberdade de expressão que não percebem a diferença entre lutar contra uma ideia a lutar contra quem defende essa ideia. Que não percebem que, ou se insere na categoria de crime - e deve ser denunciado e resolvido nos tribunais - ou se insere na categoria de liberdade de expressão - pode e deve ser debatido, pode e deve haver luta para mudar mentalidades... mas tentar calar, ameaçar de morte, insultar de todas as formar possíveis (interessante que não há imaginação nos insultos) é apenas estúpido e não ajuda em nada a causa em questão.