“A todas as mulheres fortes e independentes desejamos um feliz dia!”
De uma forma ou de outra esta é a mensagem que passa. Feliz dia às mulheres fortes e independentes…
Esta frase mostra, em parte, a importância deste dia. Vamos lá a ver se nos entendemos. Este dia não serve para comemorar a força e a independência das mulheres. Este dia serve para chamar a atenção para todas as mulheres que não têm o direito, nem as condições, para serem fortes nem independentes.
Este ano já morreram 13 mulheres às mãos de quem as deveria amar e acarinhar. A violência doméstica está na agenda do dia, houve um dia de luto, minutos de silêncio mas soluções, nada. Quero muito enganar-me mas cheira-me que vai ser assunto para ser devidamente politizado e falado este ano, ano de eleições e depois relegado para a gaveta. Again. E não, a violência doméstica não é exclusivo das mulheres, mas ignorar que tem um efeito devastador nas mulheres é ser hipócrita e estúpido.
O feminismo, essa luta pela igualdade, continua a ser interpretado como “contrário de machismo” e a ser pelouro de “histéricas e gajas que odeiam os homens”. Mas há feminismo bom, sim. É aquele que é definido por alguns homens. Não pude deixar de me rir quando, na sequência do escândalo daquele juiz execrável, li que “nunca a causa feminista foi tão bem defendida como pelo RAP”. E quem não perceber a ironia disto (e que este comentário não tem nada a ver com o RAP), nem precisa continuar a ler…
A mutilação genital feminina continua a ser um problema mundial, o mercado sexual continua a ser uma realidade, os números das violações e abusos sexuais continuam a ser assustadores (e irrealistas). Mas o Me too é um “exageeeeero”!
Os números de mulheres em cargos importantes, cargos políticos, conselhos de administração e afins continuam a ser ridiculamente baixos e ainda há quem considere que isso acontece por uma questão de (falta de) mérito. Estudos dizem que a igualdade só se atinge daqui cerca de muitos e muitos anos. Ah e nada como uma mesa de homens para “conversas no feminino” como vi hoje por aí…
O círculo da política mundial está a arrastar-nos de novo para o conservadorismo e subitamente ouve-se que “as meninas vestem rosa e os meninos vestem azul” e assusta-me para caraças porque eu gosto de azul e de toda uma panóplia de cores.
Ainda há quem ache que feminismo é coisa de mulheres e que machismo é coisa de homens…
E ainda há quem diga que “não é feminista, é pela igualdade”, quem “comemore” o dia da mulher e quem ofereça flores neste dia… sabem onde podem pôr as flores hoje, não sabem?