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Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Disclaimers aos molhos

20.09.18, P.

O tema deste regresso é uma das razões pela qual este blog está quase morto. Não, não é a preguiça, que é obviamente a razão principal para não escrever, nem a falta de tema, apesar de nem sempre poder desabafar por aqui como gostaria (mania da privacidade, confidencialidade a que o meu trabalho obriga e que me inibe de falar sobre as coisas de que realmente sei). O tema deste post é esta obrigação de fazermos declarações de intenção a torto e a direito.

Sim, as palavras são importantes. Eu sou uma leitora, adoro palavras, textos, frases, ideias que saltam para uma frase, imagens que surgem de um texto. Eu sou bastante sensível a determinados temas, tenho bastante cuidado para não ofender ninguém mas, porra, estamos a passar os limites do razoável.

 

Ignorar o espírito das palavras, levando-as à letra sempre é muito estúpido.

Talvez tenha muito a ver com a substituição da interacção "cara a cara" com os outros para uma interacção virtual. Hoje em dia dependemos de bonequinhos para "revirar os olhos", temos que dizer que aquilo que dissemos era ironia (o que, convenhamos, tira todo o sentido à coisa).

 

Ter que explicar uma piada é triste. Muito triste. 

E ter que, antes de dar uma opinião ou fazer uma crítica ou um elogia, explicar que a nossa ideologia política é aquela, que acreditamos nisto ou naquilo, que gostamos de amarelo ou roxo, que somos simpatizantes de determinado clube de futebol, desgasta-nos, é estúpido e não faz nenhum sentido.

Caramba, pá, esta mania de, através das palavras, encaixarmo-nos (e encaixarem-nos) em compartimentos estanques é uma tristeza e um perigo.

E está tudo a tornar-se ridículo. Uma opinião fundamentada é irrelevante mas uma parvoíce e dissecada até à eternidade. E para dizermos uma parvoíce qualquer temos que fazer milhares de disclaimers antes e ainda assim vai haver alguém que não vai (querer) perceber a ironia, a brincadeira, a tolice, o segundo ou terceiro sentido, a piada  e em vez de ignorar, vai sentir-se ofendido, ripostar, ofender, chamar os amigos e levar um (não) assunto até às últimas consequências.

A sério, às vezes, uma piada é só uma piada. Uma parvoíce é só uma parvoíce.