sorriso
Não sei sorrir. É verdade. O meu sorriso é mais um esgar manhoso que um sorriso bonito. Não se é por nunca ter aprendido, não sei se se pode aprender a sorrir. Desconfio que não, quero crer que não, que é uma coisa física porque se é de aprendizagem, e eu nunca aprendi, fico um bocado irritada. O resultado é que nas fotos fico sempre mal, com ar que quem está super infeliz mesmo que transborde felicidade – infelizmente, não sei para onde ela vai mas para as fotos não é de certeza. Talvez seja por esta minha incapacidade que reparo tanto nos sorrisos dos outros. Talvez seja por isto que me apaixono pelos sorrisos dos outros. Talvez seja por isso que gosto tanto dos sorrisos verdadeiros. Daqueles que chegam aos olhos, que quebram corações. Lá em casa temos uma guerra antiga por causa dos sorrisos das fotos: ele quer que eu sorria, eu quero que ele faça “aquele” sorriso. Não me chega um sorriso qualquer. Quero aquele. O meu sorriso, o sorriso traquinas que me deixa em paz.
Às vezes, como hoje, vejo uma foto de uma amiga ou de um amigo e lá está um destes sorrisos. Diferente do que está em todas as outras fotos. Ou pelo menos assim me parece, diferente. E nesse dia nem preciso perguntar: “estás bem?”.