Ai Portugal, Portugal
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Por acaso (talvez não por acaso) gosto muito das letras do Palma (mas aquele DVD do Só, Oh amigo, que raio foi aquilo? e um concerto tão bom, sei-o eu que estive lá). Mas não é do Palma que quero falar mas do país do Palma. Deste país que está sempre à espera de qualquer coisa, com um pé numa galera e outro no fundo mar.
Uma das coisas que mais me irrita é esta fatalidade que temos e esta mania de sermos treinadores de bancada, de não nos responsabilizarmos por coisa de nenhuma e, obviamente, sabermos sempre o que os outros fazem de mal (mas nós nunca, nós nunca, são os outros).
Qdo pus no facebook o texto que escrevi acerca da entrada dos animais numa restaurante (é o post anterior a este, se quiserem ler) tive, como já esperava, algumas lições de moral. Podiam ter-me dito que não concordavam e pronto, que não iriam ao dito restaurante porque não concordavam com tal e estava a coisa arrumada. Mas Português que é Português não concorda com isso porque os outros portugueses são pessoas de fraca educação e nenhum civismo e vai tudo ser uma rebaldaria, vão voar pêlos, garfos e copos, vão haver lutas e mijadelas pelo ar e pelo chão. Vai ser o terror porque os Portugueses são todos uns porcos.
Da mesma forma, acho sempre imensa piada quando se fala de horários laborais: os portugueses adoram fingir que trabalham, ficar até tarde e não são nada produtivos. Se falarmos de quem fuma então, nem pensar, as pausas para fumar são a raiz de todos os males (mas as pausas para ir ao twitter ou ao facebook já não são, porque quem o faz está a pensar o mesmo tempo e o cérebro dos fumadores aparentemente pára de vez em quando). Claro que quem faz este género de comentário não se inclui nestes portugueses.
Aliás, nós nunca nos incluímos neste género de coisa (sim, eu tb o faço, às vezes) e temos a tendência para nos moldarmos aos defeitos num fatalismo que me irrita e que nos leva a não ser a mudança que queremos ver no mundo.