Palavras
É recorrentes, nas redes sociais, a discussão do "piropo", da sua utilização e (possível) criminalização. Não me dou ao trabalho de me meter em tais conversa (são, na maioria das vezes "conversas de surdos") mas, no outro dia, achei divertido ir assistindo a uma delas. Eram dois homens, um que dizia que um piropo tinha o objectivo de elogiar (e obviamente dava dois ou três exemplos de piropos inócuos e fofinho), o outro dizer que nenhuma mulher gostava de ouvir qualquer piropo, por mais fofinho que fosse, porque isso era uma intrusão no seu espaço pessoal. (podem imaginar como a conversa evoluiu, escalando para níveis ridículos)
Fiquei ali, a assistir à conversa e a pensar que ambos tinham e não tinham razão (e que nenhum deles ia aceitar tal coisa). É muito difícil explicar que na história do "piropo" contam mais as intenções que as próprias palavras. Claro que não estou a desvalorizar as palavras, há coisas que não são aceitáveis entre desconhecidos ou simplesmente conhecidos e que ditas a crianças são absolutamente revoltantes. As mesmas palavras, um piropo fofinho e inócuo dito com intenção de magoar, de diminuir, de humilhar vai fazê-lo em 99% dos casos. O mesmo piropo fofinho e inócuo dito com intenção de elogiar e de mimar vai ,em 99% dos casos, originar pelo menos um sorriso.
Mas é quase impossível criminalizar a intenção, porque as palavras retiradas de contexto, retiradas do que se intui atrás das palavras, são meras palavras, que podem ser interpretadas consoante a intenção do leitor que, em 99% dos casos, a irá interpretar consoante a sua própria consciência e opinião sobre o assunto.