Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Palavras

19.10.17, P.

É recorrentes, nas redes sociais, a discussão do "piropo", da sua utilização e (possível) criminalização. Não me dou ao trabalho de me meter em tais conversa (são, na maioria das vezes "conversas de surdos") mas, no outro dia, achei divertido ir assistindo a uma delas. Eram dois homens, um que dizia que um piropo tinha o objectivo de elogiar (e obviamente dava dois ou três exemplos de piropos inócuos e fofinho), o outro dizer que nenhuma mulher gostava de ouvir qualquer piropo, por mais fofinho que fosse, porque isso era uma intrusão no seu espaço pessoal. (podem imaginar como a conversa evoluiu, escalando para níveis ridículos)

Fiquei ali, a assistir à conversa e a pensar que ambos tinham e não tinham razão (e que nenhum deles ia aceitar tal coisa). É muito difícil explicar que na história do "piropo" contam mais as intenções que as próprias palavras. Claro que não estou a desvalorizar as palavras, há coisas que não são aceitáveis entre desconhecidos ou simplesmente conhecidos e que ditas a crianças são absolutamente revoltantes. As mesmas palavras, um piropo fofinho e inócuo dito com intenção de magoar, de diminuir, de humilhar vai fazê-lo em 99% dos casos.  O mesmo piropo fofinho e inócuo dito com intenção de elogiar e de mimar vai ,em 99% dos casos, originar pelo menos um sorriso.

Mas é quase impossível criminalizar a intenção, porque as palavras retiradas de contexto, retiradas do que se intui atrás das palavras, são meras palavras, que podem ser interpretadas consoante a intenção do leitor que, em 99% dos casos, a irá interpretar consoante a sua própria consciência e opinião sobre o assunto.

cenas avulso

18.10.17, P.

Normalmente gosto de chuva. Gosto de chuva mesmo quando não me dá jeito que chova. Gosto de chuva quando ando à chuva, com ou sem chapéu-de-chuva. Aliás, geralmente ando à chuva sem o tal chapéu por me esqueço deles em todo o lado. Esta semana ainda gosto mais de chuva do que o habitual. Gosto desta chuva que será uma bênção para tantos. 

 

Estou a ficar cada vez mais farta de pessoas. Raramente é possível ter uma conversa sem que esta se torne uma luta inconsequente.

 

Não interessa o que digas, vai haver alguém a insultar-te. Não interessa que os teus argumentos sejam válidos e mais do suficientes para "ganhar" a discussão. Na verdade nem sequer interessa que tenhas razão. Nunca vais  conseguir rebater o "porque sim" ou a acusação de seres da oposição (nem sequer interessa de quê).

 

A máxima "se não estás por mim, estás contra mim" é lei hoje em dia.

 

Ter convicções/opiniões não é bom para a saúde. Pelo menos para a mental. É que se tens o azar de ter uma opinião diferente, mesmo que ligeiramente, daquele "fazedor de opinião" prepara-te para ser insultado. Se responderes e não mudares de opinião és incluído num grupo de qualquer-coisa-nazi, que é um dos pseudo-insultos preferidos das redes sociais.

 

Ah e se não estás nas redes sociais vais descobrir que os teus amigos já não se lembram que existes. Quando lhes telefonares vão ficar muito surpreendidos por constatar que ainda estás vivo uma vez que não respondeste à "pool" que fizeram numa qualquer rede social. 

 

No meio disto tudo, se te lembrares que, na verdade, aquilo que dizes e sentes só tem importância para ti e vá, no máximo, 5 outras pessoas, vais perceber que na verdade nada de tudo o que escrevi anteriormente em grande importância e que, no fim do dia, é aquele momento de paz total que tiveste quando paraste na rua e sentiste a chuva a molhar-te a cara (e os óculos). 

O mundo é Lisboa, o resto são arredores

11.10.17, P.

Precisava marcar uns exames médicos e pensei que seria mais fácil marcá-los em Lisboa. Por várias razões que não vêm ao caso, assumi que, havendo muito mais escolha por aqui a coisa se daria mais facilmente.

A primeira data que me dão é 28 de Outubro.

Ok, bora lá ver se consigo melhor

segunda data: Dezembro (não quis sequer saber o dia)

terceira data: 22 de Novembro

...

...

Ok, bora tentar em XXXX (0 esperança):

- Qual é a primeira data que tem disponível para fazer...?

-a primeira data... amanhã, quer?

- Epá, estou em Lisboa, amanhã não consigo, qual é o primeiro sábado que tem disponível?

-Este, pode ser às 11h30?

-Marcadíssimo. 

 

Sim, sim, Lisboa é um espectáculo e a província um atraso de vida!!!! 

Ah, são felizes e não sabem, ou provavelmente sabem, nós por cá é que temos a mania que vivemos na capital e que temos tudo e vai-se a ver é isto. 

um aparte

10.10.17, P.

Quem me conhece sabe que não sou pessoa para me impor a ninguém. Tirando os amigos de casa, aqueles com quem me chateio a sério, com quem grito e admito que me gritem, não sou daquelas amigas cola. Não chateio os meus amigos informáticos quando tenho problemas no computador, não peço receitas nem baixas aos meus amigos médicos. Tento sempre respeitar os outros, dar-lhes a liberdade de ir embora quando querem e sem perguntas. Costumo dizer que não obrigo ninguém a gostar de mim. Mas se há merda que me tira do sério é ignorarem-me compulsivamente. 

Sim, o silêncio também é um tipo de resposta. O problema é que por norma eu não entro em paranóia se não me respondem. Acho normal, acontece. Nem se não me telefonam - não é o fim do mundo. E às tantas já não sei se a pessoa está mesmo a tentar afastar-se sem ter a coragem de me mandar à merda directamente ou se simplesmente aconteceu. Enfim, um dia, saberei. Ou não, também não faz grande diferença.

 

Procrastinar, versão adulto

08.10.17, P.

Trazer, voluntariamente, trabalho para fazer no fim de semana é sintoma do muito que tenho para fazer num prazo relativamente curto. Terei que fazer, ao longo das próximas semanas, boa parte do que tenho para fazer fora das horas normais de expediente. Ninguém tem culpa, ninguém me pode ajudar, são prazos definidos internacionalmente que o obrigam, é um facto e não há muito a fazer nem a discutir.

Claro que, assim que pensei em abrir o computador para trabalhar um pouco, vi logo inúmeras coisas urgentes para fazer aqui em casa.  

Mas tenho que ser sincera: apesar de ter trabalhado um bocadinho - o suficiente para não me sentir completamente culpada - o que mais fiz foi procrastinar, em versão adulto... Desde arrumar gavetas e estantes a fazer uma maravilhosa tarte de amêndoas, passando por terminar uma leitura de um livro que se arrastava há demasiado tempo, o meu fim de semana foi bastante preenchido.

Faltou-me coragem de procrastinar como deve ser: de pijama no sofá, com pizza e take-away às refeições a pôr (más) séries de TV em dia.

O meu sofá está a tentar matar-me

04.10.17, P.

Não sei que lhe fiz, não compreendo a razão da vingança, mas a verdade é que o meu sofá está a tentar matar-me. E eu, que o trato tão bem nem sequer deixo que o gato o arranhe. Mas o cabrão tentou matar-me. Já é a segunda vez esta semana. Tou aqui com um torcicolo que não consigo olhar para a esquerda, o que não dá jeito nenhum.

Para além de parecer um robot ainda cheiro a Voltaren. Só para que conste, isto não é publicidade (a marca não me deu/pediu/ofereceu nada) mas sim desespero. E dor.