Sou assumidamente feminista. Conheço imensa gente que é tão feminista como eu e que não se assume como tal porque ainda considera que ser feminista é ser algo que não é.
Para deixar tudo bem claro: Ser feminista é defender que haja igualdade de oportunidades, direitos e deveres para homens e mulheres.
Ser feminista não é achar que não há qualquer diferença entre homens e mulheres, não é querer uniformizar o que não é uniformizável, não é não gostar de homens, não é achar que as mulheres são superiores aos homens.
E não é ser histérica.
Olhar para a definição de histeria no dicionário (Priberam) percebemos o quão machista é a utilização desta palavra neste contexto:
his·te·ri·a (grego hustéra, -as, útero + -ia)
substantivo feminino
1. [Psicanálise] Doença nervosa, geralmente com manifestação de sintomas como convulsões, contracturas ou paralisias, antigamente associada às mulheres. = NEUROSE
2. Tipo de comportamento com grande, intensa ou ruidosa manifestação de emoção.
3. Índole caprichosa.
Que há pessoas que são imbecis já todos sabemos. No news there. E tenho tendência a ignorar, não dar importância. Passo muito tempo da minha vida a dizer "liberdade de expressão, toda a gente tem direito a ser idiota" mas confesso que estou a ficar um bocado farta desta moda que é desvalorizar, diminuir e compartimentar as pessoas que defendem o feminismo.
O humor, que tem um papel fundamental nestas questões de lutas pelos direitos humanos, politicos e sociais, tem tido um papel agridoce neste questão.
É fácil e dá milhoes caricaturar o feminismo. Caricaturou-se o feminismo, transformando-o num insulto, associando a palavra a imagens de "mulheres à beira de um ataque de nervos, estúpidas, cheias de ódio aos homens".
Eu defendo a liberdade de expressão, acho que quase tudo é permitido no humor e aceito que também esta atitude é uma prerrogativa desta liberdade. Acho é que é preguiça por parte dos humoristas (sejam profissionais ou apenas das redes sociais). É a piada fácil, a que vai ao encontro do machismozinho ainda incrustado em cada um nós. É a piada fácil (mas nunca, nunca, nunca reflecte o que humorista acha - ele defende sempre o feminismo certo portanto ele pode fazer estas piadas, geralmente ele até "ajuda em casa") que faz com que a resposta certa - a que consegue maior taxa de aprovação - seja "ahahah, eu sou mulher mas não sou feminista". A resposta "és um bocado parvo" (ou coisa do género) promove uma escalada de reacções que culmina com o clássico mas sempre na ordem do dia "és mal fodida".
Estou muitos habituada a ver a utilização da palavra "feminista" como um palavrão, como um insulto mas confesso que tremi quando me apercebi alguém resolver tornar a coisa... ainda mais grotesta gourmet: feminazis.
* No próximo post o título vai mudar para algo mais aceitável, ainda não sei bem é o quê.