Irrita-me um bocadinho quando oiço falar da actual grandeza de Portugal com um discurso que começa no europeu de futebol e acaba no festival da canção.
Não me interpretem mal, curti milhões que a selecção ganhasse o europeu à França e que o Salvador ganhasse o festival. Mas a selecção ganhou mal e porcamente, não jogaram (quase) nada mas tiveram a estrelinha do seu lado e ganharam e nós festejámos e o CR pôde acrescentar o troféu ao palmarés de melhor do mundo (e esse título é dele, não nosso) e o Salvador ganhou por ele (e pela irmã), ganhou porque o resto era tudo uma merda e ele é bom (ando a ouvir em repeat o seu álbum excuse me) e diferente (e também aqui a sorte esteve do "nosso" lado) mas não vale a pena ter ilusões, a música portuguesa vai continuar a ser maltratada e os melhores vão continuar a não vender pela única razão de que a maioria das pessoas que compra e vai aos concertos gosta mesmo é de música pimba (e se não acreditam nisso só tenho para vos dizer "não conhecem muita gente, pois não?").
Ainda bem que o país começa a ter orgulho em si próprio mas devia tê-lo pelas razões certas. Porque nós somos bons e competentes e reconhecidos em tantas coisas (e maus também) e evoluímos tanto e desenrascamo-nos como ninguém e depois diminuímo-nos vangloriando-nos de coisas onde não fomos assim tão bons, que não interessam assim tanto, que são vitórias mais pessoais que colectivas ou que são puro golpe de sorte.