Je suis Charlie, all over again
Quando vi este cartaz nem queria acreditar. Foi óbvio para mim que o resultado seria uma enorme polémica relacionada com a religião e a liberdade de expressão e não sobre a Adopção de crianças por casais homossexuais. Aconteceu e vai continuar a acontecer como nos próximos dias. E não se vai discutir o mais importante. E por isso, o cartaz não faz qualquer sentido.
A importância de se continuar a falar sobre a adopção de crianças por casais homossexuais foi empurrada para segundo plano.
Em primeiro plano vamos discutir o "je suis Charlie" e afirmar que os católicos ofendidos diziam-se Je suis Charlie e agora já não não são e que "há limites para brincadeiras" e que " a malta tem ou não sentido de humor" e montes de coisas que não interessam nada.
Fui, sou e serei sempre "Je suis Charlie". Sê-lo-ei sempre porque a liberdade de expressão me é cara, porque como se disse tanto na altura dos ataques ao Charlie Hebdo "posso não concordar com o que dizes mas lutarei para tenhas o direito de o dizer".
E nesta polémica tola dos cartazes há várias coisas que me incomodam. DE AMBOS OS LADOS.
É óbvio que o BE tinha intenção de espicaçar a Igreja Católica. Que se façam agora de inocentes é ridículo.Tinham essa intenção, correu-lhes mal a brincadeira porque não o souberam fazer (Vá, vão ler o Evangelho segundo Jesus Cristo ou o Caim para aprenderem como se faz), agora aguentem. O piada é tão má, mas tão má, que até chega a ser constrangedor (O BE a assumir o Pai Divino? muito bom Ao menos falem do pai biológico e do adoptivo, é um bocadinho mais coerente - ou não querem ser coerentes?. E na história de Jesus, onde está a homossexualidade? onde está a adopção por casais homossexuais?)
Depois do outro lado. Não há paciência para virgens ofendidas. Lamento. Parém de ser meninos e aguentem. Rebatam com melhores argumentos que "há limites para as brincadeiras" ou "isto ofende os crentes". Blá, blá, blá.... Parém de ser meninos e calem a boca. Tivessem ficado caladinhos e a brincadeira ainda saia mais cara ao BE.
E para os que hoje andam a reclamar com os que reclamam... o Je suis Charlie funciona para os dois lados. O BE faz a piada e pode bem aguentar com as reclamações. O lado ofendido pode reclamar. Isso é liberdade de expressão. Não cedam à tentação de comparar quem se sentiu ofendido com quem entrou dentro de uma redação do jornal e desatou a matar gente. São coisas tão diferentes que vos vão fazer perder a razão que possam ter.
Só tiros ao lado. Uma tristeza ver tantas oportunidades perdidas.