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Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

É boato, não é?

28.11.15, P.

Tanta esperança para trocarmos um governo de gestão por outro de gestão que ainda por cima tem medo do papão?

Percebi tudo mal ou é mais ou menos isto que as notícias dizem hoje?

pensem, antes de começar a fazer fita

27.11.15, P.

Vá, pessoas, deixemo-nos de fitas: (alguns) refugiados não querem vir para Portugal e então? Está tudo muito ofendido com isso não é?

Eu, se estivesse na pele deles, também não quereria vir para cá. 

Se eles souberem que existimos (eu sei que toda a gente tem obrigação de conhecer o nosso país, somos os maiores, bla, blá, blá mas antes de se ofenderem digam baixinho, sem cabular, todos os países da Europa - se disseram os 50 podem continuar ofendidos, caso contrário calem o bico) provavelmente também sabem todas as dificuldades que temos, sabem o valor do salário minímo, sabem a taxa de desemprego, sabem que a nossa taxa de emigração é elevadíssima. Basicamente sabem que vão ter dificuldade em aprender a língua, sabem que há pouca gente que fale Árabe, que dificilmente conseguirão emprego e que mesmo que o consigam dificilmente conseguirão um bom nível de vida. Sabem que vir para Portugal é continuar "refugiado" por muito tempo.  

O nosso país é brutal: temos uma qualidade de vida muito boa (se tivermos alguma sorte, nomeadamente a de ter emprego), temos calor quase todo o ano, um céu azul e um sol maravilhoso. Mas, amigos, isso é o que o turista quer, não o que o refugiado precisa.

Qual é a surpresa de não sermos a primeira escolha dos refugiados?

 

Deixem-se de merdas e de ser como aquelas pessoas que quando dão um tostão a um sem abrigo (já agora, vocês que são tão contra a vinda de refugiados porque temos sem-abrigos, têm feito a vossa boa acção do dia?) dizem-lhe que tem que ser para comidinha. A partir do momento em que lhes dão o dinheiro, o dinheiro deixa de ser vosso e eles podem fazer o que quiserem com ele. (já numa associação a história é outra, não comparemos, sim?). Querem oferecer comida? Paguem-lhes o almoço ou o jantar ou contribuam para uma associação como a comunidade vida e paz.

Ajudar alguém não é humilhá-lo tratando-o como alguém que tem que aceitar tudo, sem ter direito a ter voz própria. Não querem ajudar, não ajudem mas não se armem em virgens ofendidas.

12 horas

27.11.15, P.

Passei as últimas semanas a lutar contra o tempo e a perder miseravelmente. Consegui, a muito custo, arranjar tempo para tudo o que considerei realmente urgente mas, como me ensinou o meu primeiro chefe, "o urgente não nos deixa fazer o importante". E às tantas esqueci-me por uns tempos do quão importante é o tempo para mim. Durante semanas saí de casa às 7h e regressei por volta das 20h, às vezes mais tarde. Os jantares eram comprados na churrasqueira da rua (Sr. Vasco, não me leve a mal mas enjoei todos os v/ pratos) ou no restaurante que tem take away. Trabalhei, fui filha, esposa, amiga, só não fui eu própria. Porque o meu eu desistiu ao fim dos primeiros 7 dias sem dormir decentemente ou sem passar umas horas em amena cavaqueira consigo mesmo. Admiro as pessoas que conseguem sobreviver sem dormir, sem o silêncio de umas horas para si, sem terem um dia de pijama em casa - sem fazer nenhum. Eu não consigo. Quer dizer, consigo, claro, mas sou tão infeliz que vocês nem imaginam.

Ontem as coisas acalmaram. Saí do trabalho a horas e tinha liberdade para fazer o que me apetecesse: passei pela livraria para comprar o livro do clube de leitura da próxima semana, cheguei a casa cedo e estive a ler um bocado. Quando ele chegou fizemos o jantar, rimos e conversámos e ele avisou-me: "olha, ainda tenho que trabalhar um bocadinho". "Por mim tudo bem, TV fechada e vou aproveitar para continuar a ler"...

Acabei por aterrar no sofá às 21h e adormecer profundamente. Mal me lembro de ir para a cama. Acordei às 09h da manhã e tenho o dia todo à minha frente só para mim. 

Dormi 12 horas e sou eu novamente. 

 

(O meu corpo tem uma forma estranha de fazer "reset". Na (psicologicamente) pior fase da minha vida "dei" a volta à coisa quando "apaguei" por 24 horas. Nessa altura descobri o quão perigoso é não dormir. Ainda não sabia nada acerca de ciclos circadianos nem nada do género mas o meu corpo limitou-se a fazer o queria - dormir. Tenho imensa sorte por ter esta facilidade para dormir, senão acho que já tinha entradado em curto-circuito em determinadas fases

Tenho um gato medricas e então?

26.11.15, P.

É verdade, já passaram 2 anos desde que o ZéGato foi lá para casa. Depois do terror dos primeiros meses (para quem não conhece a história, o meu gato viveu 15 dias dentro do frigorífico- calma, junto ao motor do frigorífico e só lhe pus a mãe em cima meses depois dele estar lá em casa), depois da calma dos últimos dois anos, chegámos a uma nova fase (confesso que já tinha desistido).

Quanto tenho alguma visita lá em casa, o ZéGato descobre que tem imensas coisas para fazer debaixo da cama e só regressa 5 minutos depois das visitas irem embora. Se for apenas 1 pessoa há a probabilidade de vir vuscar o que estamos a jantar, eventualmente vai fazer o "reconhecimento" quando a pessoa se senta no sofá, mas se for mais que 1 esqueçam: ninguém o vê. A coisa é tão ridícula que a minha cunhada e o meu sobrinho nunca viram bem o meu gato porque quando lá vão, vão juntos.

No ano passado a minha mãe esteve uma semana na minha casa e o meu gato "viveu" dentro da minha cama. Só saia ao fim do dia, quando a minha mãe adormecia no sofá. Uma vergonha.

Eu vivo bem com isso. Ele é parte da família e tem direito às suas idiossincrasias e manias. 

Mas confesso que fiquei super orgulhosa esta semana. A minha mãe voltou a passar uma semana lá em casa e no primeiro dia a coisa não prometia: hibernou debaixo do edredão da minha cama. 

Mas depois a coisa passou e ontem, quando se foi embora, disse-me que ele tinha passado o dia a espiá-la, atrás dela pela casa completamente descontraído... Fiquei super feliz: gosto de ter cá a minha família e ter o bicho aterrorizado o dia inteiro não é fácil.

Foi preciso 2 anos e alguns meses para que isto acontecesse. Mas agora volto a ter esperança de o conseguir levar ao veterinário sem ser necessário drunfá-lo antes...

Palavra, emoji ou simplesmente uma grande estupidez

23.11.15, P.

O pessoal do Oxford Dictionaries decidiu considerar um emoji (uma imagem com um sorriso e lágrimas de alegria) como a palavra do Ano de 2015.

Não duvido que esta decisão tenha agradado a imensa gente que a vê como uma decisão visionária. Afinal a necessidade de comunicar de forma rápida e fácil é inegável. Num mundo em que estamos constantemente online e em que todos os outros estão online também, a única forma de conseguirmos dar atenção a todos de igual forma é fazê-lo de uma forma extremamente eficaz (ou corremos o risco de ser esquecidos – e toda a gente sabe que não existir num mundo virtual é não existir de todo) e os emoji dão uma ajuda imensa.

Acredito que ao legitimar este género de merdice colocando-o ao nível de “palavra do ano” (atribuído por uma instituição que inclui a palavra “OXFORD”) damos mais um passo na direção contrária à que deveríamos.

Um aparte para exemplificar o meu ponto de vista: No outro dia estive a ouvir (ou a ler, não me lembro das circunstâncias específicas) alguém a falar da inexistência de palavras na língua Árabe para falar de feminismo ou direitos das mulheres. Não é uma questão formal, é uma questão de simplesmente não existirem termos que permitam essa discussão. É interessante pensarmos nas consequências práticas da não existência de palavras…

Eu não tenho qualquer problema com os emoji (uso-os tanto como qualquer outra pessoa que utilize as redes sociais) e acredito que, às vezes (mas só às vezes) “uma imagem vale mais que mil palavras” mas acredito que considerar um boneco como palavra do ano é legitimar a limitação das emoções à meia dúzia de bonecos disponibilizados, é regredir no tempo (o desenvolvimento da língua nasceu da complexidade do que pretendemos transmitir) e que, a médio e a longo prazo, a consequência desta limitação na comunicação será até perigosa.

Poderia falar também no poder da palavra (inconsequente num emoji), na beleza de um poema ou da prosa poética ou na magia de um livro…  mas limito-me a deixar a definição de “Palavra”.

 

pa·la·vra
(latim parabola, -ae)

Substantivo feminino

  1. [Linguística] [Linguística] [Linguística] Unidade linguística com um significado, que pertence a uma classe gramatical, e corresponde na fala a um som ou conjunto de sons e na escrita a um sinal ou conjunto de sinais gráficos. = TERMO, VOCÁBULO
  2. Mensagem oral ou escrita (ex.: tenho que lhe dar uma palavra).
  3. Afirmação ou manifestação verbal.
  4. Permissão de falar (ex.: não me deram a palavra).
  5. Manifestação verbal de promessa ou compromisso (ex.: confiamos na sua palavra).
  6. Doutrina, ensinamento.
  7. Capacidade para falar ou discursar.

Interjeição

  1. Exclamação usada para exprimir convicção ou compromisso.


"Palavra", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/palavra [consultado em 23-11-2015].

 

Gato update

22.11.15, P.

O meu gato não existe. A sério. Dois anos depois de estar cá em casa ainda "panica" com as visitas. Mamãe veio cá passar uns dias e no primeiro o meu bichano não aguentou a pressão e enfiou-se dentro da minha cama. Todo o dia. Sem comer nem beber. Não se vê, não existe.

Mas depois disso fez-se gato e deixou-se de mariquices. E já consegue não panicar muito. E deixa-a fazer-lhe festas (em determinadas condições mas deixa). Estou mais descansada. Mamãe vai cá passar o Natal e estava a fazer-me confusão ter o bicho enfiado num quarto ou debaixo da cama (ou dentro dela como faz nos piores momentos) o tempo todo. É um bichano mas é da família. Já bem vai bastar a noite de Natal, com a casa cheia que o vai deixar à beira de um ataque de nervos... 

Modernices

17.11.15, P.

Lembro-me de sobreviver sem telemóvel. Lembro-me de quando as chamadas feitas de um telemóvel eram caríssimas e fazia chamadas de 2 minutos. Lembro-me de como foi fixe conseguir encontrar toda a gente rapidamente. Lembro-me de quando as sms nos aproximavam dos amigos mas eram caras. Lembro-me de não ter internet no telemóvel (e também me lembro de não ter internet).

Agora é maravilhoso. Toda a gente tem telemóvel, as chamadas são ilimitadas (assim como assim pagamos sempre o mesmo), tenho internet na serra, quando me perco acedo ao Google maps e rapidamente me encontro, sou avisada quando há uma notícia especial (geralmente antes da notícia estar em qualquer um dos noticiários Portugueses), tenho tenho telefone, blog, email, jornal, agenda telefónica, máquina calculadora cientifica, jogos, livros, calendário e máquina fotográfica e tudo, tudo na geringonça que é muito mais que um telefone.

Mas a puta da bateria só dura meio-dia, esqueço-me de carregar a bateria portátil que costuma andar dentro da mala e cada vez que quero fazer um telefonema importante tenho cerca de 2% de bateria ou a outra pessoa ficou sem bateria. Haja paciência para estas tecnologias.

Sexta-feira 13?

13.11.15, P.

Esta semana está a ser horrível, nem o encontro do grupo de leitura na quarta-feira conseguiu salvar a coisa, e chegar à sexta-feira treze é maravilhoso apenas por ser sexta-feira. E para ajudar à festa da superstição comecei o dia a tratar e mimar uma gatinha...preta. Foi a melhor parte da minha semana, confesso. Isso e o meu sogro responder à pergunta de 

"mas tu sabes quem é o Clooney?" com um, quase ofendido, "Claro, é um ex-jogador do benfica". Priceless...

Vou mas é pregar aos peixes

12.11.15, P.

O meu eu dos 15 anos deve estar envergonhado com o meu eu dos 36 mas a verdade é que cada vez mais ando a perder a paciência para discussões e trocas de opinião absurdas no que a convicções diz respeito. Nem é bem falta de paciência, é mesmo a convicção de que não interessa, de que do outro lado nunca vai haver a tentativa de compreender ou sequer de respeitar a diferença. O meu eu dos 15, dos 20 e até dos 30 lutaria até à vitória ou à derrota final pelo que acredita. O meu eu dos 36 sabe que quanto mais falar mais razão vai perder, sabe que há opiniões que simplesmente não se partilham com toda a gente e que a maioria das pessoas realmente não se interessam pelo que penso ou sou, quanto muito interessam-se por tentar desvirtuar ou desvalorizar opiniões – porque ter razão em cenas subjetivas parece ser o objetivo de vida de tantas pessoas - mesmo que estas opiniões sejam o pilar da minha existência. Ter esta consciência faz-me, por um lado, respeitar mais os outros – sou defensora do “não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti – mas faz-me tantas vezes ficar numa posição periclitante entre aquilo que faz de mim quem sou e o que os outros gostariam que fosse, ou esperam que seja ou lá o que raio é.

Sei que agora sou uma pessoa socialmente mais “aceitável” mas confesso que tenho às vezes tenho saudades do mim aos 15 ou aos 20. Doida e sem papas na língua. É certo que havia muito menos gente a gostar de mim e que eu própria muitas vezes me arrependia de ser um furacão mas às vezes, só às vezes, acho que gostava mais de mim naquela altura.

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