Picuinhices minhas
Anda metade do país em pânico pela hipótese de um acordo de esquerda e outra metade em euforia pela mesmíssima razão. Metade será certamente exagero fiquemo-nos por “metade de quem tem cor partidária”, porque boa parte da população não sabe, nem quer saber e ainda tem raiva de quem sabe ou pensa saber.
Já eu, que tenho mau feitio, passo a vida a preocupar-me com pecuinhices. A saber:
Disciplina de voto – ora se há coisa que me enerva (e já não é de agora, não vejam nisto um desejo obscuro de nada) é alguém votar no que lhe dizem para votar tendo que (ou escolhendo) ignorar a sua própria opinião. Não compreendo como se pode abertamente defender a disciplina de voto numa qualquer assembleia se a mera definição de assembleia tem implícita a pluralidade necessária a que a assembleia seja de facto representativa do que quer seja.
Digo eu que a disciplina de voto é ainda mais ridícula se tivermos em conta que é imposta a pessoas dentro de um partido – e teoricamente com cores políticas idênticas – democrático e que confia (já que foram propostas/aceites para dar a cara por esse partido) no bom senso e discernimento de quem o compõe.
A disciplina de voto na Assembleia da Republica – um órgão de soberania – representativo da população Portuguesa é algo que, na minha opinião, raia o crime. Um deputado “dar ordens” a outro deputado é algo que me parece contra a natureza do que se pretende obter com a existência deste órgão de Soberania.
Arco da Governação – Aqui admito a minha ignorância – sempre pensei que pertencessem ao Arco da governação todos os partidos políticos legais neste país, com especial incidência os que conseguem eleger deputados. Afinal há filhos e enteados, isto nas palavras do nosso Presidente da Republica. Mas em teoria não têm todos os partidos legais a possibilidade de governar – assim a maioria do eleitores decida dar-lhes a confiança? Que eu saiba isto não é o Vaticano, a assembleia não é a capela sistina para haver “papáveis” por aqui. Se bem que às vezes acho que não seria má ideia espetar todos os deputados na assembleia, fechar-lhe as portas e só os deixar sair quando houvesse fumo branco e uma solução para o país - podiamos experimentar numa altura de orçamento - só saiam quanto houvesse unanimidade (na pior da hipóteses viamo-nos livres deles para sempre)
(e podia continuar mas agora não me apetece, bom fim de semana para todos)