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Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Rabiscos Soltos

#FIquemEmCasa Em tempos de isolamento social um blog pode ser uma janela para mundo. Fiquem em casa. Leiam. Escrevam. Ajudem. Sejam melhores. Sejam maiores. Mas fiquem em casa.

Palavras

20.04.16, P.

As palavras são só palavras, excepto às vezes em que deixam de ser só palavras e se tornam outra coisa qualquer.

As palavras que eram só palavras e nas bocas de uns se tornam insultos, armas ou pedras, começam a carregar um peso que não têm, que nunca tiveram e que não deveriam ter. 

E o problema é que, às tantas, para não usarmos palavras que se tornaram armas nas bocas de outros, deixamos de usar essas palavras, limitamos a nossa capacidade de comunicação, distorcemos sentidos, intenções e ficamos com medo das palavras.

Eu não gosto de ter medo das palavras. Compreendo e fico maravilhada com o poder das palavras mas recuso-me a discriminá-las. Recuso-me a limitar o meu mundo, porque o meu mundo de sonho é composto por palavras, por tantas palavras. E sei que cada uma dessas palavras tem o peso que lhe é atribuído por quem as diz, por quem as ouve. Por isso pauto a minha vida pelo peso que eu dou às palavras e não pelo peso que alguém, algures, decidiu que elas tinham.

Alienação de direitos

20.04.16, P.

Ainda fico surpreendida quando me apercebo que há tanta gente, e gente supostamente informada, que não vê mal em expor em blogs e redes sociais as caras e personalidades dos filhos e pais. Crianças e adolescentes, pais e avós, que sem terem o direito de escolha têm os seus 0,5 microssegundos de pseudo-fama são expostos e virtualmente dissecados por amigos, leitores e afins. Não percebo as homenagens aos mortos (pf, deixem-me em paz e na companhia da bicharada quando eu morrer, tá?), os RIP* virtuais, os Parabéns virtuais a pessoas que nem sabem o que é o facebook. No dia da mãe vamos assistir mais uma vez (vamos  é como quem diz, que eu espero andar na folia nesse dia e nem sequer ligar a internet) à sucessão de fotos "mãezinha querida", sendo que a querida mãzinha de alguns estará sozinha em casa só com direito a um telefonema rápido.

Já eu assusto-me todos os dias com a facilidade com que o direito à privacidade e à individualidade nos é retirado ("mas se é a bem da segurança"**) e ainda mais com a facilidade com que nós oferecemos informações e dados pessoais. 

 

 * as siglas nos cemitérios fascinam-me -sim, sou uma pessoa estranha - e no outro dia passei imenso tempo até descobrir o que queria dizer PNAM numa lápide. Mas nada bate o "e o diabo o levou" que um dia encontrei.

**torno-me violenta se me dizem isto novamente