Passou de uma reportagem (?) na TV para a mesa de discussão lá em casa a obrigatoriedade (ou não) do seguro para as bicicletas. Escuso de referir que as seguradoras votam no sim e as associações da malta das bicicletas no não.
Na minha opinião (de quem já muito andou de bicicleta mas que agora já não pedala por aí) nem estão certos uns nem outros.
Teria alguma piada (ou não, ou não) que fosse obrigatório os pais fazerem um seguro para os miúdos quando lhes oferecem uma bicicleta.
Ah, mas e se os putos chocarem com um carro? Ou destruírem uma montra ou outra coisa do género?
Nesse caso vamos torcer para que o puto em questão não fique magoado e para que os paizinhos sejam pessoas de bem (e já agora que tenham dinheiro suficiente) para se chegar à frente. Exatamente como quando as criancinhas atiram uma bola (ou uma pedra) de um terceiro andar, deixam o skate fugir-lhes ou decidem ver que efeito tem passar uma chave na pintura de um carro.
Vá, a sério quantos casos destes conhecem?
Ah mas as ciclistas agora têm direitos na estrada.
Acho que faz parte do bom senso de alguém cujo meio de transporte principal (ou apenas regular) é a bicicleta ter um seguro que o proteja.
Épa, mas não se pode confiar no bom senso das pessoas que para poupar 5 euros esquecem a ética e são capazes de andar à bolachada.
Eu alguma vez disse que o mundo era perfeito?
Andar de bicicleta ainda é uma das mais divertidas atividades da infância. Agora está na moda e andar de bicicleta faz bem ao corpo (e à alma) mas convenhamos que transformar isto numa cena cheia de regras e afins está a tirar toda a piada à coisa.
Aprendi a andar de bicicleta em gaiata e adorava. Principalmente no verão andava imenso de bicicleta, rua abaixo monte acima, até à ribeira ou simplesmente à fonte, com amigos ou sozinha (ah a melancolia da adolescência), deixar marcas no asfalto (numa altura tive pneus azuis e cor-de-rosa, não vamos falar sobre isso, sim? agradecida) ou sorrateiramente para que as vizinhas não dessem por mim. Caí muitas vezes, nunca me magoei a sério. Andei sozinha, acompanhada, em cima do volante ou simplesmente agarrada à bicicleta de alguém, que subidas de patins ou skate não é o mais agradável (na minha aldeia era a única que andava de skate e de patins e obviamente ringues de patinagem é coisa para meninas, eu era utilizadora da mítica EN2). Nunca usei uma cotoveleira ou um capacete na vida (cresci nos famigerados anos 80), ouvia música enquanto atravessava a aldeia sem as mãos no guiador. Saltei de bicicletas em movimento, fiz razias a carros. Mudei correntes e afundei câmaras de ar em alguidares cheios de água para descobrir onde estava o furo. Enchi-me de óleo, diverti-me horrores e aprendi imenso. Provavelmente se a minha mãe me tivesse visto a fazer alguma destas coisas (nomeadamente ouvir música enquanto percorria descontraidamente a estrada) tinha levado umas galhetas (nos anos 80 um tabefe não nos traumatizava para a vida) mas, para vos dizer a verdade, safei-me à grande.
Quando vejo tantas regras e regrinhas só me apetece dizer: vá, algum dia temos que deixar as rodinhas, sim?